domingo, 22 de novembro de 2009

DIA DO CRISTÃO LEIGO - FESTA DO CRISTO REI

A Igreja no compromisso com com o Reino, comemora na Solenidade de Cristo Rei do Universo, o Dia do Cristão Leigo e da Cristã Leiga. Ao concluir o ano litúrgico, a Igreja aponta para o Reino de Deus e destaca a figura do leigo e da leiga que, no dia-a-dia da vida, tornam-se sinal do Reino. Com o entusiasmo no compromisso, ao destacar a figura do laicato na missão última da Igreja-instrumento, revigora e reafirma o protagonismo dos leigos e leigas na evangelização em nossas terras. Portanto, é uma felicidade-compromisso.

E nesse sentido, muitos cristãos leigos e leigas assumem ministérios da palavra, liturgia e caridade, para o exercício coerente da fé, na medida em que são constitutivos da própria identidade da Igreja, pois concretizam a sua missão, que não é outra senão a edificação da civilização do amor, “onde todos tenham vida e vida plena” (Jo 10,10), sinal do Reino de Deus. Principalmente em lomunidades que não há padres e religiosos consagrados. É a Igreja que se assume na sua totalidade como Povo de Deus para celebrar, refletir, orar e vivenciar os valores do próprio Evangelho de Cristo.

Ao dizer do ministério da Palavra, num primeiro ponto, lembramos do Cristo Palavra, presente desde o princípio, encarnando-se na realidade humana. No princípio era a Palavra, e a Palavra se encarnou, fazendo-se ser humano e habitou entre nós (cf. Jo 1). Dele tudo vem e pra ele tudo concorre. “É alfa e ômega, princípio e fim” (Ap 1,8). Esta verdade precisa ser conhecida, estudada e vivida, pois ela, a Palavra, é fonte da missão e da vida da Igreja, como nos recordou o Sínodo dos Bispos neste ano. Assim, o CNLB faz um apelo ao estudo da Palavra, à formação do laicato nas dioceses, paróquias, comunidades, como leitura orante, leitura encarnada e leitura vivida.


As escolas de teologia do laicato, escolas de fé e política e uma formação da Doutrina Social da Igreja são fundamentais para que a Palavra se torne presente nas realidades onde estamos inseridos, a fim de que, com nossas ações, a verdade se revele: Jesus Cristo ontem, hoje e sempre. Assim, o apelo é para o investimento, como Igreja, na formação coerente do laicato, como inclusive, nos pede Aparecida.

Pra ser coerente, com a Palavra encarnada, a caridade é dom maior. É o amor, que é o próprio Deus. A caridade é expressa através de três momentos distintos e necessários: dar o peixe, ensinar a pescar e dar condições para a pesca. A caridade assistencial e afetiva e o empenho nas lutas de sócio-transformação da nossa realidade local, regional e nacional nos fazem testemunhas coerentes, como a “testemunha fiel”, que é Jesus Cristo (Ap, 1,5). Abdicar dessa responsabilidade como Igreja e como cristãos leigos e leigas, é negar a própria Igreja discípula-missionária.

A Igreja no Brasil, resgatando o Evangelho de Jesus Cristo segundo João, nos aponta a proclamar uma sociedade “onde todos tenham vida e vida plenamente”. Esta sociedade é possível quando nos colocamos como na atitude do bom samaritano (cf. Lc 10,25-37), introduzindo ao caminho aquele que estava à margem, excluído, caído e quase morto. Eis o papel da Igreja: trazer para o caminho de vida. E não somente, mas resgatar a vida. Isso não pode ser somente no plano das idéias, mas em prática concreta. Assim, conclamamos os leigos e leigas para que participem das organizações sociais, dos conselhos paritários, das organizações sociais da sociedade civil. De mesma forma, em colaboração fraterna, ousamos pedir engajamento das Igrejas Particulares, Paróquias e Comunidades, nas temáticas apresentadas pela Campanha da Fraternidade. Ousamos lembrar, também, de nossa co-responsabilidade como Igrejas-irmãs, em nível diocesano (paróquias-irmãs) e em nível nacional (Igrejas Particulares-irmãs). A última lembrança, não menos importante, é que a caridade-amor, nos aponta pra uma Igreja povo de Deus em comunhão e missão. Os diferentes ministérios (bispos, presbíteros, diáconos, leigos, institutos seculares, religiosos) são povo de Deus em comunhão.

Assim, o ministério da Liturgia celebrado, torna-se a grande festa do amor e partilha; torna-se, em Jesus Cristo, a festa da vida. A Eucaristia, de fato, é fonte e cume, pois é “fonte da missão e vida solidária” (14º CEN). Insistimos nesse ponto para uma liturgia encarnada na realidade, trazendo realidade, e a partir de Jesus Cristo, transformadora da realidade e, desta forma, proclamadora da verdade (Cf. Jo 18,37). Assim, “o Reino de Deus é eterno e jamais passará” (Dn 7,14). Para isso fez de nós sacerdotes (Ap 1,6). E como nos diz Pedro, “vocês são a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anunciem as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1Pd 2,9). Neste ano sacerdotal é preciso lembrar, então, que somos povo de sacerdotes, vocacionados para, como fermento na massa, edificar o Reino. Lembramos também, e rezamos, com S. João Maria Vianney, pelo sacerdócio ministerial, os presbíteros.

Portanto, que os cristãos leigos conheçam a verdade da Palavra de Deus e celebrem na vida a Eucaristia celebrada no Dia do Senhor, sendo anunciadores da caridade, através de ações concretas e sócio-transformadoras, numa íntima e inseparável relação fé-vida.


O CNLB (Conselho Nacional do Laicato do Brasil), assim, mostra-se pertinente e necessário, como ressalta as Disposições Gerais da Ação Evangelizadora de 2008/2010 e o Documento de Aparecida, tendo em vista a organização e articulação dos leigos e leigas. Assim, colaboramos, como Igreja de Jesus Cristo, instrumento, para que uma sociedade de justiça e fraternidade, civilização do amor, sinal do Reino de Deus, seja.

Sejamos “no mundo portadores da esperança” (Doc 62 CNBB).


Parabéns pelo dia do Cristão Leigo e Leiga!


(mensagem do CNLB Regional Sul 1 - Estado de São Paulo)

domingo, 15 de novembro de 2009

domingo, 1 de novembro de 2009

CELAM de Aparecida

A 5ª. Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe foi realizada na cidade de Aparecida (SP, BR), de 17/04 a 30/05/2007, que teve conclusões sobre o diálogo e a renovação da ação da Igreja Católica para todos os católicos do continente. A principal mensagem da conferência é o chamado de que todo cristão deve ser discípulo e missionário de Jesus Cristo: “Caminho, Verdade e Vida”. O documento é uma continuidade do Vaticano II e das Conferências do Rio de Janeiro, Medellín, Puebla e Santo Domingo. O Papa Bento XVI reconhece com humildade as luzes e as sombras que há na vida cristã e na ação da Igreja na sua caminhada histórica para uma nova etapa pastoral com o compromisso de que todos os cristãos vivenciem seu batismo.
Nas conclusões do Documento de Aparecida, ele foi dividido em três grandes partes, conforme o método de reflexão teológico-pastoral ‘Ver, Julgar, Agir’ mediante um discernimento comunitário em estado permanente de missão.
A primeira parte se intitula A vida de nossos povos. Nesta parte se faz um olhar da realidade de forma como deve ser interpelada a evangelização. Vários processos históricos complexos e em curso nos níveis sócio-cultural, econômico, político, étnico e ecológico são analisados e se discernem grandes desafios como: a globalização, a injustiça estrutural, a crise na transmissão da fé, entre outros. Percebe-se a difícil situação da Igreja nesta hora de desafios, fazendo um balanço de sinais positivos e negativos dos povos do continente e indica a fé em Cristo como fonte de vida para os homens e as mulheres. Motiva-se a alegria de o cristão ser chamado para anunciar o evangelho com todas as suas repercussões para cada pessoa e na sociedade. Enfatiza a alegria da vocação à santidade e à comunhão de todo o Povo de Deus com suas vocações especificas e para o caminho do diálogo ecumênico e inter-religioso. Aborda-se o itinerário da riqueza espiritual popular católica, que é de estilo comunitário e missionário – o que se dá a devida atenção à iniciação cristã, à catequese permanente e à formação pastoral.
A terceira parte entra plenamente na missão atual da Igreja Latino-americana e Caribenha, que procura se desenvolver uma grande opção da Conferência: converter a Igreja em uma comunidade mais missionária das Igrejas Particulares (dioceses), das comunidades eclesiais das paróquias e dos organismos pastorais. Impulsiona-se então uma missão continental: que é a promoção do Reino de Deus e a promoção da dignidade humana, confirma-se a opção preferencial pelos pobres e excluídos, remetendo-se assim a opção feita na Conferência de Medellín, e que então se reconhecem novos rostos dos pobres (os desempregados, os migrantes, os abandonados, os enfermos e vítimas da violência e da criminalidade) e que se promova a Justiça e a Solidariedade Internacional. Foca-se na questão da ação pastoral à Família (Pastoral Familiar), como o início do anúncio da Boa Nova da dignidade infinita de todo ser humano, a fim de se promover uma cultura de amor e, posteriormente, uma cultura do respeito à vida na sociedade; ao mesmo tempo, desejando-se acompanhar pastoralmente as pessoas em suas diferentes condições como as crianças (Pastoral da Criança), adolescentes (Pastoral dos Adolescentes e Pastoral do Menor), jovens (Pastoral da Juventude), idosos (Pastoral da Melhor Idade), mulheres (Pastoral da Mulher Marginalizada e Pastoral Feminina) e homens (Pastoral Masculina), e se fomenta em especial o cuidado com o meio ambiente e a consciência ecológica (Pastoral do Meio Ambiente / Pastoral Ecológica).
No último capítulo, Nossos povos e a cultura, confirma e atualiza as opções de Puebla e de Santo Domingo pela evangelização inculturada, da qual se tratam os desafios pastorais da educação (Pastoral da Educação)e da comunicação (Pastoral da Comunicação), e para se promover uma Pastoral Urbana das grandes cidades, focando-se especialmente o compromisso político dos leigos por uma cidadania plena na sociedade democrática (Pastoral Fé e Política e Conselho Pastoral de Leigos), pela solidariedade com os povos indígenas (Pastoral Indígena) e afro-descendentes (Pastoral Afro-Brasileira), e uma ação evangelizadora que aponte caminhos de reconciliação, fraternidade e integração entre nossos povos, a fim de formar uma comunidade regional de nações na América Latina e no Caribe.


( matéria corrigida e completa que está no Jornal Anunciação, Edição III, Circulação: Outubro-Novembro de 2009)