A Igreja no compromisso com com o Reino, comemora na Solenidade de Cristo Rei do Universo, o Dia do Cristão Leigo e da Cristã Leiga. Ao concluir o ano litúrgico, a Igreja aponta para o Reino de Deus e destaca a figura do leigo e da leiga que, no dia-a-dia da vida, tornam-se sinal do Reino. Com o entusiasmo no compromisso, ao destacar a figura do laicato na missão última da Igreja-instrumento, revigora e reafirma o protagonismo dos leigos e leigas na evangelização em nossas terras. Portanto, é uma felicidade-compromisso.
E nesse sentido, muitos cristãos leigos e leigas assumem ministérios da palavra, liturgia e caridade, para o exercício coerente da fé, na medida em que são constitutivos da própria identidade da Igreja, pois concretizam a sua missão, que não é outra senão a edificação da civilização do amor, “onde todos tenham vida e vida plena” (Jo 10,10), sinal do Reino de Deus. Principalmente em lomunidades que não há padres e religiosos consagrados. É a Igreja que se assume na sua totalidade como Povo de Deus para celebrar, refletir, orar e vivenciar os valores do próprio Evangelho de Cristo.
Ao dizer do ministério da Palavra, num primeiro ponto, lembramos do Cristo Palavra, presente desde o princípio, encarnando-se na realidade humana. No princípio era a Palavra, e a Palavra se encarnou, fazendo-se ser humano e habitou entre nós (cf. Jo 1). Dele tudo vem e pra ele tudo concorre. “É alfa e ômega, princípio e fim” (Ap 1,8). Esta verdade precisa ser conhecida, estudada e vivida, pois ela, a Palavra, é fonte da missão e da vida da Igreja, como nos recordou o Sínodo dos Bispos neste ano. Assim, o CNLB faz um apelo ao estudo da Palavra, à formação do laicato nas dioceses, paróquias, comunidades, como leitura orante, leitura encarnada e leitura vivida.
As escolas de teologia do laicato, escolas de fé e política e uma formação da Doutrina Social da Igreja são fundamentais para que a Palavra se torne presente nas realidades onde estamos inseridos, a fim de que, com nossas ações, a verdade se revele: Jesus Cristo ontem, hoje e sempre. Assim, o apelo é para o investimento, como Igreja, na formação coerente do laicato, como inclusive, nos pede Aparecida.
Pra ser coerente, com a Palavra encarnada, a caridade é dom maior. É o amor, que é o próprio Deus. A caridade é expressa através de três momentos distintos e necessários: dar o peixe, ensinar a pescar e dar condições para a pesca. A caridade assistencial e afetiva e o empenho nas lutas de sócio-transformação da nossa realidade local, regional e nacional nos fazem testemunhas coerentes, como a “testemunha fiel”, que é Jesus Cristo (Ap, 1,5). Abdicar dessa responsabilidade como Igreja e como cristãos leigos e leigas, é negar a própria Igreja discípula-missionária.
A Igreja no Brasil, resgatando o Evangelho de Jesus Cristo segundo João, nos aponta a proclamar uma sociedade “onde todos tenham vida e vida plenamente”. Esta sociedade é possível quando nos colocamos como na atitude do bom samaritano (cf. Lc 10,25-37), introduzindo ao caminho aquele que estava à margem, excluído, caído e quase morto. Eis o papel da Igreja: trazer para o caminho de vida. E não somente, mas resgatar a vida. Isso não pode ser somente no plano das idéias, mas em prática concreta. Assim, conclamamos os leigos e leigas para que participem das organizações sociais, dos conselhos paritários, das organizações sociais da sociedade civil. De mesma forma, em colaboração fraterna, ousamos pedir engajamento das Igrejas Particulares, Paróquias e Comunidades, nas temáticas apresentadas pela Campanha da Fraternidade. Ousamos lembrar, também, de nossa co-responsabilidade como Igrejas-irmãs, em nível diocesano (paróquias-irmãs) e em nível nacional (Igrejas Particulares-irmãs). A última lembrança, não menos importante, é que a caridade-amor, nos aponta pra uma Igreja povo de Deus em comunhão e missão. Os diferentes ministérios (bispos, presbíteros, diáconos, leigos, institutos seculares, religiosos) são povo de Deus em comunhão.
Assim, o ministério da Liturgia celebrado, torna-se a grande festa do amor e partilha; torna-se, em Jesus Cristo, a festa da vida. A Eucaristia, de fato, é fonte e cume, pois é “fonte da missão e vida solidária” (14º CEN). Insistimos nesse ponto para uma liturgia encarnada na realidade, trazendo realidade, e a partir de Jesus Cristo, transformadora da realidade e, desta forma, proclamadora da verdade (Cf. Jo 18,37). Assim, “o Reino de Deus é eterno e jamais passará” (Dn 7,14). Para isso fez de nós sacerdotes (Ap 1,6). E como nos diz Pedro, “vocês são a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anunciem as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1Pd 2,9). Neste ano sacerdotal é preciso lembrar, então, que somos povo de sacerdotes, vocacionados para, como fermento na massa, edificar o Reino. Lembramos também, e rezamos, com S. João Maria Vianney, pelo sacerdócio ministerial, os presbíteros.
Portanto, que os cristãos leigos conheçam a verdade da Palavra de Deus e celebrem na vida a Eucaristia celebrada no Dia do Senhor, sendo anunciadores da caridade, através de ações concretas e sócio-transformadoras, numa íntima e inseparável relação fé-vida.
O CNLB (Conselho Nacional do Laicato do Brasil), assim, mostra-se pertinente e necessário, como ressalta as Disposições Gerais da Ação Evangelizadora de 2008/2010 e o Documento de Aparecida, tendo em vista a organização e articulação dos leigos e leigas. Assim, colaboramos, como Igreja de Jesus Cristo, instrumento, para que uma sociedade de justiça e fraternidade, civilização do amor, sinal do Reino de Deus, seja.
Sejamos “no mundo portadores da esperança” (Doc 62 CNBB).
Parabéns pelo dia do Cristão Leigo e Leiga!
(mensagem do CNLB Regional Sul 1 - Estado de São Paulo)



























